Um magnífico curador, um entusiasta da arte e um grande amigo. Assim Paulo Reis foi definido pelo crítico e curador David Barro, com quem fundou a revista "Dardo", na Espanha, dedicada à arte contemporânea. Uma opinião compartilhada pelo mundo das artes plásticas.
- Ele era um sujeito enorme - conta o artista plástico José Bechara, dizendo-se muito "chocado e comovido" com sua morte, aos 50 anos.
Desde 2005, o carioca Reis morava em Portugal, onde criou em 2009 em Lisboa com dois amigos o Carpe Diem - Arte e Pesquisa, uma instituição instalada no Palácio Marquês de Pombal direcionada para a produção e realização de exposições, além da organização de conferências e master classes. "Arte e pesquisa' é o mote de nosso projeto. Aliar a criação que deriva de um pensamento de arte ao pensamento sobre a própria arte", definia. Sobre a gratuidade das ações, justificava dizendo que recebia apoio do governo e, portanto, tinha dever ético com o dinheiro público. Achava estranho produtores e instituições receberem apoio estatal e cobrarem ingresso e lucrarem. "E, na primeira oportunidade que aparece, não se inibem de falar mal do Estado. É uma vergonha, é indecente, é imoral", disse ao site Artecapital.Segundo o ensaísta António Pinto Ribeiro, ele era um "verdadeiro embaixador cultural entre os artistas e os curadores" de Brasil e Portugal. Seu trabalho foi importante para a internacionalização de vários artistas brasileiros na Europa, como foi o caso do próprio Bechara.
- Ele construiu um trabalho muito sólido. Gostava de abrir caminhos, expandir territórios. Era um investigador incansável da produção dos artistas, fossem eles jovens ou consagrados. Seu trabalho deu uma contribuição notável para a circulação pública e internacional dos artistas - diz ele. - Todo mundo perde muita coisa com Paulo. Era um homem bom e uma pessoa muito generosa e gentil.
A última grande exposição sob sua responsabilidade foi a "Paralela 2010", em São Paulo, no ano passado.
Professor, curador e crítico de artes plásticas, Paulo Reis morreu no fim da tarde de sábado, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa. Em fevereiro último, teve uma pneumonia que se complicou com uma tuberculose. O funeral será nesta segunda-feira às 15h e a cremação, às 16h, em Lisboa.
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