quarta-feira, 29 de abril de 2009

Folha on line - Disputa testa regras da Nova Lei Rouanet


Reproduzo aqui uma matéria publicada na ilustrada da Folha de São Paulo



Disputa testa regras da Nova Lei Rouanet
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo


O desfecho de uma disputa que vem sendo travada entre 115 filmes por R$ 15 milhões de recursos federais afetará não só seus vencedores e derrotados.

Ele será o primeiro exemplo, para todo o mercado cultural, de como o MinC (Ministério da Cultura) pretende gerir o financiamento à cultura, caso seja aprovada a reforma da Lei Rouanet --que destina parte do IR devido à produção cultural.

O concurso do Prodecine (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Brasileiro) é o primeiro investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). É com esse tipo de fundo que o MinC planeja distribuir a maioria dos recursos da Nova Rouanet --cerca de R$ 1 bilhão anual, se mantido patamar que vem desde 2007.

Diversos aspectos previstos na reforma da lei que são alvo de dúvidas e críticas vêm sendo postos em prática pelo concurso, como a existência de um "sistema de pontuação" para definir os projetos ganhadores.

Peneira

O sistema foi desenvolvido pelo comitê gestor do fundo, que é presidido pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira. Tem membros do governo e da sociedade --outra medida prevista na mudança da lei--, que são nomeados pelo ministro.

A primeira "peneira" do concurso do Prodecine barrou 47% dos candidatos e gerou chiadeira nos bastidores do mercado. Dos 217 projetos inscritos, 115 passaram para a segunda fase. Os demais 102 emperraram nas exigências técnicas do edital, coordenado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que administra o concurso.

Entre os barrados na disputa há quem aponte, sob condição de anonimato, "excesso de burocracia" nas regras. Eles têm até 5 de maio para recorrer.

"Num fundo que é objeto de órgãos de controle, feliz ou infelizmente, toda a tecnocracia vem a reboque. É comum acontecer", diz Luiz Antônio Coelho Lopes, superintendente de Inovação para a Competitividade Empresarial da Finep e membro do comitê gestor do Fundo Setorial do Audiovisual.

Para Coelho Lopes, o número de rejeitados no Prodecine "percentualmente, não é assustador", comparado a disputas de outros fundos setoriais. O que o preocupa é a chance de demora no processo, cujas próximas etapas também preveem prazo para recurso. Pela agenda, o resultado sai em julho.

Sistema de pontuação

Da próxima fase sairão 30 finalistas, por meio da aplicação do "sistema de pontuação" por técnicos da Ancine (Agência Nacional do Cinema) e da Finep, que terão consultoria de especialistas do mercado.

Os finalistas serão submetidos ao "comitê de investimentos", formado por seis funcionários concursados da Ancine e da Finep. Eles definirão os vencedores e seus prêmios.

Com a decisão final na mão dos "tecnocratas", Coelho Lopes estima resguardar o resultado de eventual impugnação. Porém, a presença dos 19 consultores contratados pela Ancine é potencial alvo de questionamento, já que o currículo de alguns registra vínculos atuais ou passados com concorrentes.

"Não há como montar uma lista de consultores sem conexões de relacionamentos ou de pertencimento a grupo", diz Manoel Rangel, presidente da Ancine. Segundo ele, os consultores deverão "apontar superposições com suas atividades privadas" e serão impedidos de avaliar projetos e empresas com que tenham vínculo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário