Projeto da Palava na PB
O artista Abraham Palatnik participando do Projeto da Palavra
Dentro do ônibus, em Vitória/ES
Eu (de branco) executando o projeto no ES
Desta forma os participantes são abordados em seu cotidiano e anonimato – ida ao trabalho, escolha, shopping, lanchonetes etc – e são tirados de seu movimento diário de circulação absorto em problemas, expectativas e anseios para uma reflexão em torno de seu universo que, por sua vez, reflete o entorno, a cidade e seu cotidiano e será entregue a alguém que ela nunca viu.
Cada frase ou mensagem escrita é transcrita e fotografada como registro da ação. As folhas com as mensagens originais, como dito anteriormente, são entregues a cada pessoa abordada nas ruas. Desta forma o original é repassado ao participante. Fico apenas com o meu registro (transcrição) das mensagens e o fotográfico e assim tenho um fluxo estabelecido. Portanto, desde a primeira mensagem consigo compor um painel sobre pensamentos, desejos, sonhos, angústias e as mais variadas emoções do brasileiro e ao mesmo tempo um mapa geográfico dessa subjetividade. É um pequeno retrato de nosso povo.
Projeto da Palavra no Pelourinho/BA
Uma outra questão importante é que a ação acontece no ambiente das ruas, avenidas, praças, ambientes abertos às ruas, calçadas nas quais as pessoas são abordadas, embora também possa acontecer em ambientes fechados como projetos específicos. Este ir e vir, enquanto caminho como um Flâneur descobrindo a cidade e a realidade das pessoas ao mesmo tempo em que elas me descobrem e se interessam pelo projeto, que geram uma magnitude expressa nos olhos, entonação e palavras (ora escritas ora verbalizadas) que me são oferecidas. Estabelece-se uma troca afetiva. As frases são escritas em papel toalha, uma vez que a ação diária demonstrou que este material, por conferir certa informalidade, gera uma sensação de conforto e descontração. As tentativas de mensagens com papel ofício ou blocos de papel com área delimitada para as mensagens não foi interessante por caracterizar inconscientemente algum tipo de pesquisa...e resistência. Percebi que o fato do papel ser informal, favorecia a participação no projeto.
Projeto da Palavra em SP
Ao abordar as pessoas na rua percebo uma grande surpresa e certa apreensão. Receber a mensagem de uma pessoa que ela nunca viu é intenso na medida em que compõe o universo referencial deste indivíduo. As frases expressas são um indicativo de cada um quase como uma pista de quem cada um é. No momento que têm que escrever algo estabelece-se o ato de se expor, de revelar ao outro (que não se sabe quem é) uma parte de si.
Fotos: Jean Sartief
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